"E de repente a vida te vira do avesso, e você descobre que o avesso, é o seu lado certo." (Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Missão Cumprida!


   

Há dois anos eu começava uma nova etapa em minha vida. No dia 3 de maio – dois dias antes do meu aniversário- , comecei a trabalhar no meu primeiro emprego e, conforme  planejado, na área profissional que eu escolhi: o jornalismo!
Lembro quando cheguei na redação para fazer o teste que valia tudo ou nada. Era uma hora daquelas em que todos estão a polvorosa no meio da tarde. Os repórteres confirmando informações por telefone e saindo para as pautas, editores cobrando horários, alinhando o fechamento das páginas, ramais tocando ao mesmo tempo, pessoas circulando próximo ao computador que eu estava e, o Word com a tela branca na minha frente. Confesso que fiquei assustada com aquela agitação toda! Até então, a única redação de jornal que eu conhecia, era aquela que aparece atrás dos apresentadores dos telejornais e, pela TV, não dá para ver nem um mínimo do sufoco que é colocar um jornal no ar, ou, para circular.
   Recebi duas pautas. Uma era sobre a precariedade do transporte coletivo e a outra era uma pauta da editoria de comportamento da “Revista Tudo!”, que chamamos de pauta fria. A proposta era falar das mães que também exercem o papel de pai e, dos pais, que também exercem o papel de mãe. Avalio como o meu primeiro teste conseguir produzir as duas matérias dentro da redação, já que eu não era acostumada a me concentrar com barulho. Nesse dia eu consegui! Pelo o que eu me lembro, foi uma das primeiras vezes. Quem sabe um sinal de que ia dar certo e eu teria que me acostumar! Embora apreensiva, como toda boa primeira vez em algo, eu entreguei as matérias confiante. Depois de entregues, a editora pediu para eu aguardar, pois ela tinha pressa e queria me dar uma resposta imediata.
   Enquanto esperava, fiquei observando cada movimento daquele lugar, que era a prática do que eu via na faculdade, ainda no terceiro período do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. Escrevi em um pedaço de papel: Seja o que Deus quiser! Depois de quase uma hora, eu ouvi: Você começa amanhã! E, Ele quis! Surgia então, uma nova estagiária com fome de aprender.
  A matéria do teste foi publicada na edição daquela semana da revista. No entanto, no terceiro período da faculdade, você viu ainda bem pouco do que precisa saber para se dar bem no mercado. Eu tinha consciência de que seria um desafio a cada dia, mas, tinha certeza de que iria conseguir vencê-los, pois, força e vontade eram o que eu mais dispunha naquele momento. As pautas começaram a chegar, as matérias começaram a sair e, nada como você ver sua primeira matéria assinada ser publicada. Meus caros colegas de estágio sabem disso. É emocionante! Depois você se acostuma, mas as primeiras... A cada pauta que eu marcava, ou, a cada entrevista que eu fazia, aprendia uma pouco do que eu precisava saber para obter os resultados que eu pretendia.
   Com o tempo além do deslumbre da profissão, comecei a constatar que acertei na escolha que havia feito aos 14 anos de idade, ainda na oitava série do Ensino Fundamental quando decidi que faria jornalismo. Comecei a aprender o que a faculdade não ensina, como a arte de ser ágil em uma redação, ou, o desafio de escrever três matérias ao mesmo tempo e, ainda, como sobreviver aos plantões de final de semana! Tem que gostar da dinamicidade do jornalismo e, principalmente, das coisas que ele te impõe. Da rotina que não é rotina, porquê todo dia existe uma coisa nova; dos malabarismos que fazemos para conciliar horários com as fontes; das necessidades que temos de investigar, apurar, questionar até ter certeza de que a informação é verídica; dos finais de semana sem cara de final de semana; das matérias de três laudas; do tempo curto para produzi-las. Enfim! Do corre-corre diário... Não é fácil! Mas é gratificante!
  Meu pai desde o início sempre fez questão de dizer que não queria que eu fizesse jornalismo. Eu, desde o início, não me via fazendo outra coisa. Hoje, até nele, vejo uma ponta de orgulho por eu ter começado a trabalhar cedo. Se bem que dizem que estágio não é trabalho. Só que isso não é verdade! Eu garanto que estágio é trabalho, dá trabalho e acumula trabalho. Porém, antes de tudo é aprendizado, superação e conquista!
  Em dois anos aprendi muito! Cheguei com uma bagagem de autodidata, talvez. Com a habilidade de alguém que sempre gostou de escrever. Mas o olhar crítico da notícia, o faro para ou que rende e o que não rende. As técnicas que vão além da gramática, como o lead e, dentre outras coisas. Isso eu tive que aprender! E se eu fosse avaliar, diria que “tirei de letra”.
   Em dois anos, foram cerca de 400 matérias para a Revista Tudo, que é semanal, tem 16 páginas e por semana saia entre cinco a seis matérias. E não consegui fazer o levantamento de em média quantas para o plantão. Tive a oportunidade de conhecer o exercício do editor, aprender a maneira correta de editar e realizar o fechamento do caderno. Entrevistei pessoas importantes, renomadas, cobri eventos de destaque regional, assinei matérias de capa. Sai para pautas para falar desde buracos nas ruas da cidade, páginas policiais, até às pompas das lojas da Avenida dos Holandeses. Por falar em página policial, elas nunca foram pautas corriqueiras para mim. Porém, em uma ocasião, fui cobrir um achado de cadáver na Estrada da Raposa, e posso dizer que foi uma das primeiras vezes que tive que lidar com a frieza que o jornalismo exige em dados momentos. Mantive a “frieza”, a razão e, conclui minha apuração. Depois, no caminho de volta, que me permiti a sensação de ver um corpo daquele jeito pela primeira vez.
   Hoje, 3 de maio de 2013, se passaram dois anos! Tempo mais que suficiente para vivenciar tudo isso! Cumpri o prazo máximo de um contrato, que em outras palavras, foi o primeiro passo de um longo caminho que hei de percorrer. Sem dúvidas, o maior presente, dos meus 19 anos, foi começar a trabalhar aquele dois dias antes do meu aniversário. Hoje, com o pé já nos 21 e, há 28 dias de entregar o TCC e concluir o curso, digo com certeza: Valeu a pena! Estou quase cruzando a linha de chegada e trago na bagagem tudo o que eu aprendi no campo.
  Ao Jornal O Imparcial que acreditou e apostou em mim, aos editores que trabalharam comigo, aos repórteres amigos e, principalmente a Deus, agradeço por esses dois anos de estágio, que como repórter, tive a oportunidade de crescer e desenvolver minhas habilidades enquanto profissional!   

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sem resoluções

       Não sei se é algo do instituto humano, mas as resoluções fazem parte de cada fio de rotina que nos envolve no dia. Cada situação e circunstância passa por um tipo de peneira que há em nossa mente. Pelos buraquinhos passa o que há de ser resolvido e, na peneira, fica os fatos. Por vezes nós atentamos mais para eles, os problemas, do que para os próprios fios da meada.
       Tudo bem que nos caiba a parte de resolver, solucionar, mas dai o problema se achar no direito de permanecer em nossa mente e subconsciente tomando conta dos mais súbitos pensamentos, ai é demais! Não faço ideia de como seria a vida sem eles, mas posso jurar que mais da metade do que se chama de sociedade, estaria bem melhor sem resoluções.
       Não atentamos, mas tentar resolver as coisas do dia e, até do ano, tomam muito tempo e fica chato! Se você como eu é o tipo de pessoa pró-ativa ( é definido como sendo um conjunto de comportamentos extrapapel em que a pessoa busca espontaneamente por mudanças em todo ambiente que faz parte, solucionando e antecipando-se aos problemas, visando metas de longo prazo que beneficiam a organização),  então sabe que pode ser ainda pior. Muitos buscam pela pró atividade, mas nós sabemos, não é tão bom assim... Estamos (espontaneamente, como diz o significado da palavra), sempre buscando por soluções, melhoras, progresso e, a curiosidade é: não só da nossa vida direta, mas em tudo o que nos cerca.
      Por um lado é ótimo não depender que a nossa fluidez dependa de alguém orientando tudo o que devemos fazer, por outro, parece que a mente nunca para de trabalhar. Por tantas soluções e resoluções, eu pensava que ninguém podia iniciar um ano sem traçar metas e caminhos. Sempre fiz a lisitinha com as ''Resoluções de Ano Novo'', aquela onde traçamos objetivos para cumprir no ano que se inicia. Mas esse ano Não! Disse não a ela, embora a de 2012 tenha sido cumprida com louvor.
      Lógico que estou cheia de sonhos e planos, no entanto uma decisão me deu um pontapé dias antes que atencederam a virada: Estarei mais diposta a tirar mais as coisas do meu controle e colocar no controle de Deus. É, porque querendo ou não, traços da nossa personalidade ou, do instinto humano, como já disse, acaba atrapalhando querendo sempre planejar e resolver, resolver,resolver... Quando nos damos conta estamos tomados por um cansaço que não nos pertenceria, se tivéssemos confiado um pouco mais no que chamo de propósito de Deus. 
          Os braços do Senhor nos são uma torre segura. Logo, posso não saber o que emergirá diante de mim no futuro, mas o que importa é onde me encontro no presente. Eu não preciso saber para onde estou indo, se quem está no controle é o próprio Deus. Neste caso, minha tarefa é apenas estar com Ele e descansar no seu cuidado para comigo.
      Foi assim que, para o escândalo de muitos, iniciei este ano como um dos anos mais “sem propósito” e “por acaso” da minha vida! E, ao mesmo tempo, sinto como se tivesse traçado mil planos, só por decidir que o meu único seria: Viver os planos Dele! Não tenho claro em minha mente se existem grandes mudanças que devo efetuar, muito menos se existem novos projetos nos quais devo me envolver; tampouco estabeleci grandes metas pessoais, familiares ou profissionais. Envolvido pelos braços fortes e amorosos de Deus, fui convidado a simplesmente estar e descansar Nele. SEM muitas RESOLUÇÕES! Entendi que este era o meu projeto. Mas, para não deixar por demais desesperados os superativos como eu, ou gerar um espanto demasiado àqueles que me cercam e bem me conhecem, preciso concluir dizendo:que estar em Deus e descansar em seu amor não torna nossas vidas vazias, sem trabalhos ou demandas.O que muda é a fonte de onde emanam as forças para os desafios que emergem e as adversidades que nos assaltam.