"E de repente a vida te vira do avesso, e você descobre que o avesso, é o seu lado certo." (Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Vista a carapuça. Se sevir, é claro!

Prezados tarados,

Ocupados demais em êxtase, choque, ou admiração, vocês deixam de notar o quão ridículo é a posição nojenta, escrota e pedante em agir como quem nunca viu mulher na vida. Vou tomar a liberdade de falar por mim e pelas mulheres, de verdade. Detestamos os sussurros largados numa passada que quase nos atravessa no meio da rua, nojerizamos as palavras de baixíssimo calão que escolhem para usar como "elogio", os assobios agoniantes que por vezes assustam e, em outras nos geram no âmago um desprezo abissal pela existência de homens desse tipo vulgar que existem no mundo.

Da nossa possível beleza, bem sabemos: espelhos e superfícies refletoras nos mostram se a pele está boa, o cabelo de bem com o dia e a roupa nos caiu bem. Há dias em que a autoestima baixa mais que ação da bolsa de valores, óbvio. Porém, o olhar medíocre de quem vê apenas corpo em quem também tem alma, inteligência e valores, por mais feia que se sinta, não melhora a autoimagem própria que fazemos umas das outras. Nos sentimos ainda mais gordas, se inchadas e na TPM. Feias, se com aquele sapato que acabou combinando com a bolsa por mero descuido na hora de sair. Damas fáceis pra uma sociedade machista onde nem revidar ou repreender com os olhos podemos, tamanha a violência e agressividade que a cultura implantou nas mentes masculinas. Ou seja: não sentimos prazer algum, se por acaso temos que passar na frente de uma obra e todos os serventes, pedreiros e até mesmo engenheiros, param para olhar. (Tenho o azar de passar por uma todos os dias).

É instinto do homem, dizem alguns. Não há como evitar, e mulher bonita está aí para ser mostrada. Até compreendo. Gostamos de nos sentir sensuais, por mais que admitir seja difícil. Contudo, para os seletos em nossa lista.  Encontramos então, e o resto dos caras do Universo passa a ser nojento por si só (salvo familiares e amigos, que claro, não tentam sensualizar conosco quando sozinhas, indefesas, em ruas vazias e afins). Parem e notem que não são bem aceitos!

De cada uma dessas situações, saio quase sempre com raiva e, não obstante sempre dou uma resposta curta e grossa. Mas nunca deusas ou maravilhosas como talvez pensem vocês, tarados. Pois então, prezados tarados, se resguardem. Não nos atinjam, segurem para si suas olhadelas safadas, seus ímpetos sexuais, suas frases repelentes. De nada servem, e ao invés de aplaudir, quase sempre ofendem. Vale lembrar: hoje é a moça com corpão que passou por você, e lógico, nem olhou e se sentiu apenas um pedaço de carne. Amanhã, pode ser sua filha. Ontem, pode ter sido sua mãe. Respeito, nesses casos, se não vem de berço, acaba chegando pela percepção do apreço de que pode ou poderia se passar por quem prezamos. Para desafogar a tensão do dia, que procurem imagens, vídeos ou profissionais do ramo; nós, mulheres de carne e ossos, precisamos é de flores, chocolates e cafuné na cabeça, isso sim. O tiro sai pela culatra de quem mira apenas o culote.

4 comentários:

  1. uhuuuuu!!!
    É isso aí! Tem muita gente aqui no jornal que já nem sabe a diferença entre a carapuça e seu verdadeiro (?) eu.

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  2. Muito bom Mari!
    Excelente escolha das palavras...
    E que entendam o que sentimos!

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  3. Calando a boca dos pedreiros da obra da frente!!!

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